O papel do tratamento de efluentes e recuperação de nutrientes na sustentabilidade
Blog do Cibiogas

O papel do tratamento de efluentes e recuperação de nutrientes na sustentabilidade

Em um momento de crescente engajamento do poder público e de empresas em ações visando à economia de recursos naturais, ganha força o papel do tratamento de efluentes e recuperação de nutrientes para a sustentabilidade.

O tratamento de efluentes como o esgoto doméstico e resíduos da agricultura e atividades industriais ocorre por meio de processos – físicos, químicos ou biológicos – que visam à correção de características indesejáveis, removendo matéria orgânica, nutrientes e patógenos. Um dos processos que vem ganhando destaque é a produção de biogás e biometano.

A produção de biogás no Brasil é proveniente de três categorias principais de substratos. Segundo o Panorama do Biogás no Brasil 2022, o setor agropecuário foi responsável por 78% das 885 plantas de biogás em operação no país, enquanto os setores industrial e de saneamento contribuíram em 12% e 10%, respectivamente, no número de plantas.

Entre os substratos agropecuários estão esterco animal, efluente proveniente do manejo de dejetos (urina, fezes, água de lavagem, etc.), restos de ração e carcaça de animais mortos não abatidos; na indústria, os efluentes e demais resíduos orgânicos provenientes do processo industrial; e no saneamento, resíduos sólidos urbanos (RSU) depositados em aterros sanitários, RSU segregado na fonte (fração orgânica), resíduos de frutas e vegetais, restos alimentares, resíduos de supermercado, esgoto sanitário.

Quanto ao volume de biogás produzido nestas unidades, o setor de saneamento foi responsável por 74% do volume total produzido, seguido pelos setores industrial (16%) e agropecuário (10%). Para se ter ideia do crescimento do setor, o país produziu 2,8 bi Nm³/ano em 2022, e o potencial é para 10,8 bi (curto prazo) e 84,6 bi (longo prazo).

Para as empresas, além dos impactos ambientais positivos, outros benefícios são a redução dos custos operacionais e a diminuição do risco de multas ambientais. Tratar efluentes e transformá-los em fontes alternativas de energia elétrica e térmica, por exemplo, são práticas alinhadas aos conceitos de ESG, que fortalecem a imagem da empresa e seu compromisso com a sustentabilidade.

Recuperação de nutrientes

O digestato gerado a partir do processo de produção do biogás é um efluente com excelente potencial para recuperar nutrientes como nitrogênio, fósforo e potássio (NPK), essenciais para o crescimento das plantas.

Esse processo de recuperação envolve técnicas como a remoção de sólidos, a concentração de nutrientes e a produção de fertilizantes orgânicos ou biofertilizantes, que podem ser usados na agricultura como adubos ou corretivos de solo.

A recuperação de nutrientes NPK do digestato pode ser feita com a utilização de técnicas de remoção de nitrogênio ou de fósforo. Para ambos os nutrientes, a recuperação é feita por meio de processos físico-químicos, utilizando reagentes e solventes. No caso da remoção de nitrogênio, podem ser utilizados processos combinados de nitrificação-desnitrificação e Anammox (oxidação anaeróbia da amônia).

Em quase todos os processos de recuperação de fósforo, ele é convertido em uma fração sólida, cuja pureza depende do processo utilizado e da composição do efluente que é tratado.

Após processos de remoção e/ou recuperação de nutrientes, há a água de reúso, com baixa matéria orgânica e valor nutricional. A mesma pode ser utilizada na lavagem de instalações, diluição de matéria orgânica para a biodigestão, ou ainda, quando atende a padrões de lançamento da CONAMA, pode ser disposta em corpo hídrico. Como vimos, o papel do tratamento de efluentes e recuperação de nutrientes é fundamental para a sustentabilidade, gerando economia de recursos naturais e estimulando uma economia circular

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