Como o avanço da tecnologia e a busca por recursos mais sustentáveis, o hidrogênio verde começa a desembarcar no Brasil como uma promessa de fonte de energia renovável. Mas qual é a perspectiva do Biogás para isso? Separamos aqui neste texto tudo o que você precisa saber sobre a relação desses dois recursos tão importantes para a inovação e o meio ambiente.
Confira!
Considerado um combustível do futuro, o hidrogênio é uma fonte de energia com grande potencial energético. Por sua abundância, eficiência e baixa toxicidade, ele tem sido amplamente utilizado como opção em diversos países. É comumente empregado em refinarias de produção de derivados de petróleo, indústrias siderúrgicas e na produção de amônia, mas por suas características renováveis e de baixa ou mesmo nula emissão de gases de efeito estufa (GEE), tem ganhado destaque na produção de energia elétrica.Um dos grandes motivos para isso é a campanha “Race To Zero”, uma corrida em busca de zero emissões de GEE criada durante a COP-21, na qual diversos países, como Alemanha, Arábia Saudita, Austrália, Chile, China e Holanda, passaram a realizar investimentos de grande porte em tecnologias conhecidas como “Power To X” (PTX) ou “P2P”, que permitem produzir hidrogênio de forma limpa e renovável.O hidrogênio tem potencial para se tornar um dos principais combustíveis de substituição do petróleo por conta de sua grande capacidade energética até 3x maior que a gasolina convencional. Além disso, é visto como uma alternativa para países que possuem dependência de petróleo estrangeiro para produção de energia.No Brasil, o hidrogênio já é produzido por meio da reforma a vapor do gás natural, opção essa que representa cerca de 95% de todo o hidrogênio produzido no mundo. Entretanto, quando obtido por meio desse processo de reação com hidrocarbonetos, o hidrogênio não pode ser considerado um combustível limpo, já que faz liberação de resíduos de carbono.Então, em uma tentativa de mudar esse cenário e aderir à Race To Zero, muitos órgãos e empresas têm investido em iniciativas de hidrogênio verde no Brasil. Com grande potencial para a produção, o país pode não só ter um papel fundamental na luta contra as mudanças climáticas, como também se tornar uma potência na produção desse insumo tão desejado.Cerca de 20 bilhões já foram investidos em projetos que se concentram em três hubs no Brasil. São eles os portos de Pecém, no Ceará, Suape, em Pernambuco, e Açu, no Rio de Janeiro, todos com negociações já firmadas com grandes grupos internacionais, buscando inicialmente a exportação.Em estágio mais avançado, encontra-se o projeto no porto cearense, onde uma usina de energia solar e um eletrolisador se unem para produzir o hidrogênio verde por meio da separação de moléculas da água. O investimento na operação já é de R$ 42 milhões e foi anunciado pela empresa portuguesa EDP.Além dela, mais duas empresas estrangeiras estudam a produção de H2V (hidrogênio verde) no estado, buscando até mesmo a produção de minério de ferro verde.
Para potencializar o hidrogênio verde no Brasil, a ABH2, Associação Brasileira do Hidrogênio, têm investido em novas ações para o uso energético e industrial do recurso no país. Segundo o presidente da associação, Paulo Emílio Valadão de Miranda, o número de empresas associadas à organização dobrou desde junho de 2021.Isso se deve à grande demanda gerada pela busca por cadeias de produção mais conscientes, mas também pelo amadurecimento da tecnologia no país e pelos grandes investimentos que a área tem recebido.Algumas das principais empresas associadas são a Toyota, Tupy, Spic Brasil, Air Liquide e Engie, mas muitos outros nomes compõem a lista em busca da inovação e sustentabilidade que o H2V pode representar.Algumas das principais atividades do grupo são:
Para a obtenção do hidrogênio verde, existem 2 processos principais, cada um com suas técnicas e diferenciais.O primeiro é via biogás, que por se tratar de um composto rico em metano e dióxido de carbono, possui versatilidade para utilização nas rotas de PtX, que permitem, por meio de processos de reforma catalítica, transformar o biogás em gás síntese (um gás composto essencialmente por monóxido de carbono e hidrogênio) e, subsequentemente, na sua purificação em hidrogênio verde.Para a produção por meio do biogás, realiza-se um pré-tratamento do composto para a retirada de sulfeto de hidrogênio (H2S), umidade e demais impurezas. Em seguida, o biogás é submetido a uma reforma a seco, dando origem ao produto de gás de síntese.Então, a partir daí, começa o processo de purificação do H2 verde.Confira:O segundo é via biometano, onde o biogás, após a retirada de H2S, umidade, CO2 e demais impurezas, é refinado se tornando biometano e é submetido à reforma a vapor, formando o gás de síntese. A partir daí, começa o processo de purificação do hidrogênio verde. Confira:O CIBiogás vem trabalhando ativamente para o desenvolvimento da reforma catalítica a seco do biogás. Essa rota, diferentemente da reforma a vapor do biometano, não requer a retirada do CO2 do composto, permitindo que as parcelas de CH4 e CO2 sejam convertidas em gás de síntese e, posteriormente, purificado em hidrogênio renovável.Ainda assim, independentemente da rota, é importante ressaltar que a biomassa residual é o ponto de partida para a produção, e seus produtos, biogás e biometano, são os protagonistas em ambos os processos, colocando a cadeia de biogás em evidência e fortalecendo o setor em expansão. Com isso, o biogás se torna também uma opção ainda mais atraente, pois passa a ser um potencial investimento para a produção dessa nova fonte de energia sustentável. Juntos, os recursos passam a representar uma diversificação dos produtos, além de uma descentralização do mercado, ajudando na competitividade e no leque de opções de fontes renováveis.
Para que o hidrogênio verde possa vigorar, algumas instituições têm trabalhado para tornar esse sonho em realidade, como é o caso do Programa Nacional de Hidrogênio, que tem buscado regulamentar o hidrogênio verde no Brasil para que sua comercialização possa ter início o quanto antes.Além dele, a ABH2 (Associação Brasileira de Hidrogênio) também tem trabalhado para facilitar esse processo, buscando formas mais rápidas de reconhecer o biogás como hidrogênio verde para que, enfim, a produção possa começar.Outra peça fundamental nesse processo é a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que ainda precisam regular a produção, o armazenamento e o transporte de hidrogênio verde para usos energéticos e não energéticosEsse vácuo legislativo aliado à viabilidade financeira das tecnologias disponíveis e aos investimentos no setor atrapalham a expansão do hidrogênio verde e tem atrasado os avanços da produção, mas o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) tem investido para acelerar os processos por meio do programa ‘Combustível do Futuro’, que busca incentivos à adoção de combustíveis sustentáveis.Além disso, o conselho também já elaborou as propostas de diretrizes para o Programa Nacional do Hidrogênio, o que significa que em breve teremos novidades.Segundo especialistas da área, algumas medidas que também podem ajudar nesse processo são:
Quer saber mais sobre o hidrogênio verde e sua produção? Confira mais sobre a relação desse combustível com o biogás. Você também pode ficar por dentro de todas as novidades da área nos seguindo nas redes sociais.