O ano começa com boas perspectivas e continuação do crescimento do setor de biogás no Brasil e no mundo. O país tem potencial para atingir uma produção 460 milhões de MMBTU (que corresponde a 1 milhão de BTUs ou a 26, 8 metros cúbicos de gás natural) até 2030,o equivalente a até 30% da demanda de gás natural doméstica, alcançando um valor de mercado de US$ 7,7 bilhões, segundo estudo da consultoria McKinsey.
Iniciativas governamentais, como a Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio) e o Programa Combustível do Futuro, fazem parte dos esforços para alavancar novos combustíveis no país. Outra conquista recente foi a aprovação, pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, no final de 2022, do projeto de lei que regulamenta o Mercado Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE) de gases que provocam o efeito estufa.
Previsto na Lei 12.187, de 2009 (Política Nacional sobre Mudança do Clima), o MBRE será operacionalizado em bolsas de mercadorias e futuros, bolsas de valores e entidades de balcão organizado, autorizadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), onde se dará a negociação de títulos mobiliários representativos de emissões de gases de efeito estufa evitadas certificadas.
A nova proposta de organização do mercado de créditos de carbono, de natureza mais ampla, tem como eixo principal a gestão das emissões de gases de efeito estufa. Isso implicou propor a instituição do Sistema Brasileiro de Gestão de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBGE-GEE), no âmbito do qual são estabelecidos o plano nacional de alocação de Direitos de Emissão de Gases de Efeito Estufa (DEGEE).
O objetivo é um marco legal simplificado, mas que dê segurança jurídica a todos os integrantes do setor.
Financiamento para o setor de biogás
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou financiamento de R$ 80 milhões para a UISA Geo Biogás S/A construir uma unidade industrial de produção de biometano e energia elétrica a partir de resíduos de cana-de-açúcar em Nova Olímpia (MT). A planta produzirá na primeira fase até 11,4 milhões Nm³/ano do biogás e até 32 mil MWh/ano de energia elétrica.
O projeto permitirá a distribuição de biometano em região ainda não atendida por rede de gás natural. O biogás também será utilizado para substituir o diesel de parte da frota de caminhões da UISA, e a energia elétrica irá suprir a demanda da própria unidade, podendo também ser exportada.
De acordo com ferramenta elaborada pelo BNDES em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, o volume total de carbono capturado será de 9,1 milhões de toneladas, o que equivale ao plantio de 63 milhões de árvores.
Além de incentivos como esse, o crescimento do setor é fomentado por investimentos de grandes empresas, como a Geo Biogás & Tech, que anunciou o aporte de R$ 600 milhões para instalar usinas de geração de fontes renováveis. A empresa já possui três plantas em operação e planeja pelo menos mais sete por ano.
As novas usinas irão testar o novo combustível sustentável de aviação (SAF) e também o hidrogênio verde, todos feitos a partir da cana-de-açúcar.
A usina produtora de hidrogênio verde da empresa poderá entrar em operação ainda neste ano de 2023, com uma capacidade de produção de combustível sustentável de 500 m³ diários, ao passo que a usina de SAF pode ser inaugurada somente em 2024.
5º Fórum Sul Brasileiro de Biogás e Biometano
Um grande evento coloca o biogás e o biometano em pauta neste ano. A quinta edição do fórum ocorre no Golden Park Internacional Foz & Convenções, em Foz do Iguaçu (PR), de 18 a 20 de abril.
O objetivo do 5º Fórum Sul Brasileiro de Biogás e Biometanoé contribuir para o desenvolvimento da cadeia de biogás e biometano no Sul e em todo o país. A programação conta com um espaço para conexão entre pessoas, instituições e empresas envolvidas na cadeia produtiva do biogás, mostrando as tendências do setor para gerar negócios, desenvolvimento e sustentabilidade.
O fórum tem como entidades realizadoras o CIBiogás, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa Suínos e Aves, e a Universidade de Caxias do Sul (UCS). A organização do evento é da Sociedade Brasileira dos Especialistas em Resíduos das Produções Agropecuária e Agroindustrial (Sbera).
A programação terá como eixos principais painéis sobre: Mercado de biogás e biometano; Operação de plantas; Descarbonização; Análise do ciclo de vida; Interiorização do gás; Financiamento de projetos de biogás; Renovabio; Biogás e Hidrogênio.Também estão programados o Workshop GEF Biogás Brasil; Workshop dos Extensionistas Rurais do Sul do Brasil e o Encontro da Rede Mulheres do Biogás.
Bomba de calor reduz emissão de carbono
O surgimento de novas tecnologias deve continuar pautando o setor de biogás. Recentemente, pesquisadores da Universidade de Glasgow (Escócia) desenvolveram uma bomba de calor capaz de reduzir a pegada de carbono durante o processo de produção de biogás, com estimativa de diminuir a emissão de poluentes em 36%.
Ao fazer a substituição, o sistema baseado em bombas de calor emite menos carbono do que o dispositivo convencional que utiliza gás natural durante o processamento de resíduos de alimentos e lodo de esgoto.