Pensar de forma colaborativa e coletiva é a grande tendência dos modelos de negócio do século XXI. Pensando assim, como o biogás pode fortalecer o cooperativismo no Brasil?
É fato que as energias renováveis vieram para mudar de vez as práticas do agronegócio e de agroindústrias, e neste cenário o biogás pode sim fortalecer as coops, como já tem feito em algumas regiões do país.
O cooperativismo é uma ação de extrema importância para o país. O biogás e o cooperativismo, vem mostrando bons resultados na economia nacional, sendo uma junção positiva no desenvolvimento da alternativa e na viabilidade de aplicações do biogás.
Neste artigo vamos mostrar como o biogás pode fortalecer o cooperativismo no Brasil. Ao final do conteúdo você poderá realizar o download da cartilha Energias Renováveis no Cooperativismo, Oportunidades do Biogás.
Bom, sabendo da sua relevância para o desenvolvimento econômico do país, questionamos: o que o cooperativismo significa? A Lei n° 5.764 de 16 de dezembro de 1971, conhecida como a Lei Geral das Cooperativas é o que rege essa organização, capaz de definir as bases estruturais para o cooperativismo e o seu funcionamento.
No país existem mais de 14 milhões de cooperados e a demanda energética do cooperativismo é estimada em 8% em relação à do Brasil. Uma das premissas do cooperativismo é desenvolver práticas que tragam benefícios para comunidade.
Em formato de organização de pessoas em prol de um objetivo comum, o cooperativismo está presente em mais de 150 países. Segundo a Aliança Internacional das Cooperativas, 12% das pessoas no mundo são sócias em pelo menos uma das 3 milhões de cooperativas existentes no planeta. Além disso, essas organizações coletivas funcionam de modo democrático, onde todas as demandas são decididas com direito a voto, possibilitando um contato plural entre os envolvidos e seus interesses.
Para apoiar esse movimento, em 1969 surge a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). A entidade representa as Cooperativas no país, cuja missão é promover um ambiente favorável às cooperativas, por meio da representação institucional, auxiliando no desenvolvimento de negócios e arranjos.Desta forma, a OCB representa, apoia e defende os interesses das cooperativas nacionais. No site da OCB podem ser encontradas informações e diversas publicações sobre o cooperativismo, vale a pena conferir depois que terminar de ler este artigo! 😉
Para contribuir com a evolução e crescimento das cooperativas, o CIBiogás em parceria com a Federação das Cooperativas Alemãs – DGRV e Sistema OCB, criaram a cartilha Energias Renováveis no Cooperativismo, Oportunidades do Biogás, material que contribui na exploração do biogás para fortalecer o cooperativismo. Lançada no dia 24 de julho por meio do webinar: O potencial energético e as oportunidades do biogás para o cooperativismo, (assista aqui, o conteúdo está muito bom!)
O documento acumula as mais variadas informações sobre o desenvolvimento dessa oportunidade e mostra que a energia é indispensável para a evolução das localidades onde há o exercício do cooperativismo. A cartilha pode auxiliar as pessoas a pensar no biogás, no reaproveitamento energético, da energia proveniente do biogás, ou seja, mitigar impactos ambientais e transformar esses passivos em ativos ambientais.
Já sabemos que a demanda energética do cooperativismo é de 8% em relação ao número total no país. A energia, portanto, é um fator de desenvolvimento e o cooperativismo acolhe os variados tipos de geração de energia. A mobilidade sustentável é um bom exemplo de oportunidade para todos os tipos de cooperativas, sejam elas agropecuárias, de crédito, de eletrificação rural de consumidores e/ou produtores de energia, ou ainda como intercooperação. Isso mostra a pluralidade dos meios para compartilhamento do biogás. Gerar energia de forma correta ou ter controle da energia, motiva a competitividade entre as cooperativas, alavancando os investimentos e novas estruturas de negócios. Felizmente, o Brasil tem o um potencial energético muito positivo em relação ao biogás, capaz de produzir 82 bilhões de Nm3/ano. Esse número abrange também as possibilidades para a biomobilidade, uma vez que este biogás, transformado em biometano pode criar rotas alternativas, e assim, suprir a demanda de energia elétrica em 35% e 70% de combustível. Esse crescimento influencia diretamente os produtores rurais na gestão de resíduos. O impulsionamento que visa a minimização da má gestão de resíduos orgânicos e sólidos em todo o Brasil, atinge a economia regional e consequentemente a nacional estabelecendo uma nova cadeia de suprimentos ao setor e aumentando a capacidade econômica de diferentes regiões do país.Neste contexto, temos o biogás como um impulsionador do cooperativismo no país, gerando oportunidades no setor e fora dele também. Durante o seminário para o lançamento da cartilha, Renato Nobile, superintendente do Sistema OCB, comentou sobre a importância do biogás no avanço do cooperativismo.
Rafael Gonzalez, Diretor Presidente do CIBiogás, conta que o material destaca não só os projetos de plantas para energia elétrica, mas também chama a atenção para os biocombustíveis e a energia térmica, que ainda é muito utilizada pelas cooperativas.
“Vemos que essas três formas de utilização do biogás só vem a contribuir para a economia das cooperativas, além de possibilitar modelos de negócio.” – Rafael González
Com o crescimento do biogás no Brasil, em 2012 a Agência Nacional de Energia Elétricaaprovou a Resolução N° 482 permitiu ao consumidor brasileiro a autorização para gerar a sua própria energia elétrica a partir de alternativas renováveis. Porém, com o desenvolvimento do setor, surgiu a possibilidades de instalação dos sistemas microgrids, que permitem a proximidade do produtor com os consumidores finais, o que gerou mais confiabilidade. Além disso, os sistemas apenas fornecem energia quando o sistema apresenta falhas, o que difere da Resolução n° 482, que só permite a injeção de energia quando o sistema de distribuição está funcionando corretamente. Tanto os projetos de Geração Distribuída quanto os microgrids podem ser os mesmos. Porém, os objetivos são diferentes, uma vez que os de GD apenas são restabelecidos quando a rede local estiver recuperada. Os microgrids só iniciam a operação apenas quando há falha na rede. Com esses encaminhamentos vemos as possibilidades que o biogás permite para a autossuficiência energética e diminuição dos impactos ambientais dentro do cooperativismo. A gestão própria de energia, impulsiona as comunidades onde o cooperativismo está inserido. Assim, o biogás entra como um solução tecnológica também, a fim de melhorar a competitividade do cooperativismo. Desta maneira, temos variados tipos de cooperativas que se enquadram como desenvolvedoras dessa alternativa.
Como oportunidade para a entrada do biogás, esses resíduos podem ser transformados em um ativo energético. Os produtores rurais envolvidos, saem com um saldo positivo, uma vez que esse tipo de produção demanda energia elétrica e térmica, além de combustível para a transportação dos insumos. As Cooperativas de Infraestrutura visam a geração e distribuição de energia, outro meio para aproveitar as propriedades do biogás. Assim, será possível melhorar a qualidade da energia em diversos locais, principalmente os mais distantes, contando com o apoio de arranjos dos microgrids (distribuição de energiaem rede para micro regiões). O projeto, pode fomentar entre os associados envolvidos a geração distribuída, o que reduzirá os custos com a energia. Além disso, permite postergar investimentos nas redes de distribuição, baixar a conta de seus cooperados, mitigar o impacto das bandeiras tarifárias e dos postos horários de custo da energia criar novos modelos de negócio.As Cooperativas de Crédito, podem oferecer um benefício para financiar aderente a tecnologia do biogás, tornando-se grandes protagonistas na viabilidade da alternativa. Com o financiamento, é possível ampliar o acesso ao crédito e colaborar no estímulo das energias renováveis. Por fim, chegamos a Intercooperação, que pode nesse cenário, ser a chave para a universalização e democratização da energia, mostrando como o biogás pode fortalecer o cooperativismo. Assim, várias cooperativas independentemente do ramo podem desenvolver projetos para a sua própria produção de energia. Ela pode facilitar a constituição de projetos com maior escala e qualidade técnica. Além disso, contribui para o aumento das possibilidades de obter insumos para a produção de biogás e fortalece as capacidades financeiras para realizar o impulsionamento dessa alternativa pelo meio cooperativo.
De acordo com Felipe Marques, diretor de Desenvolvimento Tecnológico do CIBiogás, falar em geração própria de energia é também fomentar a competitividade no mercado. O CIBiogás entra como uma forma de diversificar as receitas na cooperativa, o que consequentemente beneficia ou cooperado.
“Essa diversificação está associada com o serviço essencial para quem trabalha com produção e transformação de proteína animal, por exemplo. Porque a gestão ambiental dos resíduos associados precisa ser feita e, a partir do momento em que se encontra uma rota que tem aproveitamento energético que te favorece dentro do serviço ambiental, tem-se uma excelente oportunidade de viabilizar sistemas mais eficientes para o tratamento desses efluentes.
Existem mais de 800 cooperativas na Alemanha que utilizam o biogás como fonte, afirma Camila Japp, gerente de projetos no Brasil do programa desenvolvido pela DGRV, conta que a produção de energia renovável compõe a estratégia alemã de transformação energética do país. “Há o envolvimento das pessoas, empresas e do governo”.
A cartilha do biogás ainda está na primeira edição, mas o objetivo é que o material desperte a vontade dos envolvidos no meio para saber mais sobre como o biogás pode fortalecer o cooperativismo no Brasil. Alternativa capaz de fortalecer esse ramo que transforma vidas.
Quer entender mais sobre o assunto? Baixe gratuitamente a cartilha e conheça mais sobre as possibilidades no ramo do cooperativismo: https://bit.ly/3fXTDIk
Texto: Liege Reis
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