No Agroday, painel expõe a importância da inovação no campo energético
A fim de promover um encontro focado no desenvolvimento de tecnologias para o agronegócio, o Parque Tecnológico Itaipu (PTI) no último dia 05 lançou o evento Agroday, motivado por startups e outras empresas do PTI que desejam fortalecer a inovação no setor. O Agroday contou com mais de 250 participantes dispostos a mudar o cenário correspondente à sustentabilidade e modernização da área, promovendo debates e gerando ainda mais conexões sobre os assuntos levantados.
No terceiro painel do evento, Felipe Souza Marques, diretor de desenvolvimento tecnológico do CIBiogás, juntamente com Rafael Deitos, diretor técnico do PTI e Eder Felipe Morschbacher, representando o Renova Paraná, falaram sobre a “Inovação energética no agro”, levantando a experiência e expectativas do estado sobre a geração de energia renovável por meio do biogás. A Granja São Pedro Colombari, localizada em São Miguel do Iguaçu, representa um case pioneiro no estado pelo modelo de negócio focado na geração de energia devido ao arranjo de microgrid – sistema de geração de energia que atua de modo paralelo à rede local, fornecendo energia em períodos de queda e garantindo a segurança energética do local onde foi alocada -. A propriedade foi escolhida para inaugurar o primeiro projeto deste modelo no Brasil, devido ao seu histórico em produção de biogás e geração distribuída de energia elétrica.
A propriedade já produziu 1.000 m³/dia de biogás e mais de 37.800 kWh/mês em energia elétrica, demonstrando o resultado positivo do projeto que começou com a iniciativa de Geração Distribuída e hoje, no caso de alguma interrupção no fornecimento de energia, alimenta outras propriedades nos arredores da Granja. Em outubro, devido a dois temporais na região Oeste a propriedade ficou sem o abastecimento elétrico da concessionária, e o sistema microgrid foi o suficiente para fornecer energia às propriedades ligadas à microrrede por mais de 24 horas , evitando o desperdício de suprimentos e consequentemente de recursos da propriedade, revelando um marco no setor elétrico, visto que no Brasil ainda não foi identificada nenhuma ação semelhante. Com isso, destaca-se a importância ao direcionar esforços no desenvolvimento das energias renováveis no interior do Brasil, dado que há um grande potencial concentrado nas propriedades rurais que podem transformar positivamente o cenário por meio de uma alternativa sustentável: o biogás.
O evento proporcionou a oportunidade de valorizar o ecossistema de inovação paranaense que deseja modernizar cada vez mais o setor elétrico brasiliero. Felipe Marques destaca a atuação da Geração Distribuída no país, visto que a ideia foi lançada no Oeste do estado e hoje está amplamente implantada em todo o Brasil. “Essa é uma expectativa que temos com o microgrid. Que essa inovação no país que começou no oeste do Paraná também sirva de boa experiência para crescer no Brasil como uma alternativa tecnológica, capaz de ampliar a qualidade de energia especialmente no agronegócio”. Além da atuação do CIBiogás ao desenvolver o sistema de biodigestão, o projeto contou primordialmente com o apoio da Itaipu Binacional, que desde o início voltou suas forças para o desenvolvimento de ações sustentáveis no país, financiando a ideia. Junto a esses parceiros, a Copel atuou na definição dos processos de acesso à rede e até a entrega do projeto, o PTI deu grande suporte a todo o estudo focado na evolução da iniciativa. Com essa parceria há também um ambiente otimista para lançar outros tipos de negócios que as cooperativas e companhias de energia geram, permitindo ações que se desenvolvam de modo sempre positivo, sustentável e eficiente.Alisson Alves, Gestor do núcleo de inovação tecnológica do PTI, diz que no âmbito da ESG (ambiental, social e de governança) e de uma produtividade mais limpa, o território traz algumas potencialidades e elas devem ser utilizadas, sendo que o maior destaque da região nesta área é a produção de energia verde a partir dos dejetos de produção de proteína animal e o aspecto tecnológico traz uma visão da produção descentralizada de energia tornando o agro mais competitivo. “Como saber as potencialidades deste território? Com dados e informações. Uma vez que a produção de energia é vital para o crescimento do nosso mercado de produção de proteína animal. Para o agro ser mais competitivo a gente precisa de fato fazer com que ele se potencialize através da eficiência que só será exata quando começarmos a trazer mais aspectos para os processos produtivos, como a produção de energia descentralizada que é baseada no biogás.”
De acordo com a cartilha “As Energias Renováveis no Cooperativismo” lançada em 2020 pelo Sistema OCB, CIBiogás e DGRV, o biogás se configura como uma boa alternativa para o cooperativismo na busca pela autossuficiência energética e pela mitigação de gases poluentes, provocando um cenário competitivo para o cooperativismo uma vez que a autogestão de energia possibilita o desenvolvimento sustentável do local onde a cooperativa está inserida. O documento revela que as cooperativas produzem atualmente apenas 9% de sua demanda de energia e o biogás pode ser uma peça chave para otimizar esse cenário devido ao grande volume de resíduos gerados, ou seja, de matéria-prima para o biogás.Portanto, o sistema de microgrid, dentro de setores que contém a grande geração de resíduos e de locais que estão à mercê das quedas de energia, pode melhorar o contexto geral, pois reflete na qualidade de energia elétrica em locais mais distantes, a fim de reduzir os impactos ambientais, questões tarifárias e oportunizando a inovação em novos modelos de negócio, resultando na diversificação da matriz nacional que tem o seu início dentro das propriedades rurais e que pode atingir outras regiões do de acordo com as adesões sobre as iniciativas renováveis.