Central de Bioenergia em Toledo será a primeira do Paraná a gerar créditos de carbono
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Audiência pública realizada com a Future Carbon, membro do BiogasClub, destacou a importância da iniciativa na região Oeste

O CIBiogás deu início aos processos para adequar a Central de Bioenergia de Toledo nos parâmetros para gerar créditos de carbono. A audiência pública que aconteceu em abril contou com os produtores rurais que têm propriedades nos arredores da planta, e que poderão ser atingidos pela ação de descarbonização.

Créditos na Central de Bioenergia

A unidade tem expectativa para inaugurar em junho de 2023 e consiste na instalação e operação de uma Central de Bioenergia de grande porte. O projeto é desenvolvido em conjunto com a Itaipu Binacional, CIBiogás, Parque Tecnológico Itaipu e Prefeitura Municipal de Toledo.

Na Central, são tratados diariamente os efluentes de mais de 35 mil suínos, de propriedades rurais que estão a um raio de até 5 km da Central de Bioenergia. A partir da biodigestão anaeróbia, a planta irá tratar os resíduos orgânicos e desejos de animais. Reconhecido cada vez mais como uma alternativa de energia limpa que traz muitos benefícios sustentáveis para o meio rural, o CIBiogás e a Future Carbon Group tornaram-se parceiras na busca pela certificação de Reduções Verificadas de Emissão (créditos de carbono) para evitar as emissões do gás metano na geração em plantas com foco na geração de biogás.

A iniciativa, guiada também pela Future Carbon, caracteriza-se por um “Projeto Agrupado de Captura de Metano” que significa que a outras propriedades localizadas no Brasil podem ser incluídas na ação. O projeto está sendo desenvolvido seguindo as normas do padrão de certificação Verified Carbon Standard (VCS) e foi listado publicamente em 24/02/2023. 

Felipe Marques, diretor de desenvolvimento tecnológico do CIBiogás, compartilha que a intenção do projeto é fortalecer iniciativas similares no Brasil e promover ainda mais parcerias que incentivem o processo para a geração de créditos de carbono em plantas de biogás e biometano.

“Nosso objetivo é estabelecer o projeto como referência para créditos de carbono em biogás no Brasil. Que consigamos dividir essa experiência nos projetos que executamos e com quem temos parceria e que possamos incorporar de uma forma cada vez mais clara e segura os créditos de carbono nos projetos que estruturamos nos estudos de viabilidade e modelos de negócio, sempre respeitando a posição do CIBiogás no Brasil como Centro de referência técnica em projetos de biogás.”

Crise climática

Na apresentação, a empresa pôde mostrar o contexto brasileiro com a inclusão das políticas regulatórias para a aplicação do crédito de carbono e as necessidades que surgiram para o aumento da sustentabilidade e diminuição das emissões dos gases de efeito estufa a partir do acordo de Paris. 

Em 2015, 196 países se comprometeram com a redução das emissões para limitar o aumento de temperatura média das regiões a no máximo 2°C, preferencialmente em até 1,5°C, até o final do século e para alcançar esse objetivo, foi necessário montar um plano de ação para restringir as emissões do planeta pela metade até 2030, a fim de alcançar o estágio Net Zero.

Segundo os relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), essas variações de temperatura podem parecer inofensivas, mas quando o panorama global é analisado, vê-se que os efeitos climáticos podem afetar a humanidade de forma catastrófica.

Thiago Otero, Vice-presidente de operação da Future Carbon Group, comenta que a negociação com o CIBiogás iniciou no final de 2021 e pela similaridade entre os valores das empresas, a parceria oficializou a partir do interesse em desenvolver a iniciativa de créditos de carbono na planta de Toledo, que deve ter o primeiro lote de geração de créditos em 2024. 

“A atuação da Future como parceiro no projeto a longo prazo e a credibilidade do trabalho do CIBiogás como referência no setor, nos fez acreditar que daria certo. A expectativa é que aprovemos o projeto ainda em 2023 junto ao padrão de certificação coordenado pela Verra, e que o primeiro lote de geração de crédito de carbono aconteça até o final de 2024, para que assim, possamos materializar o que estruturamos e consequentemente renovar a estratégia nos próximos anos.”

Em 2021 o Brasil atingiu 2,4 bilhões de toneladas métricas de gás carbônico emitidas pela mudança do uso do solo e pela agropecuária. As ações representam aproximadamente 75% do total de emissões.     

Como é gerado o crédito? 

Otero explica que todo gás que deixou de ser emitido com o projeto é contabilizado e transformado em crédito de carbono, além disso os projetos podem ser realizados com atividades que ofereçam alternativas para reduzir a emissão de gases de efeito estufa, como a troca de combustível e conservação florestal. 

Todo projeto de carbono tem como missão reduzir emissões através do uso de tecnologias e processos de menor emissão. Empresas que não conseguem reduzir suas emissões compram créditos de carbono, o que provoca a bioeconomia.

Geni Bamberg, presidente da Assuinoeste, associação regional de suinocultores, diz que o crédito de carbono está ressurgindo com força total e que é muito importante a participação dos produtores e suinocultores em eventos como esse para que todos entendam como acontece a comercialização e progresso da iniciativa. 

“Queremos entender como nós podemos contribuir para a melhora da qualidade de vida das pessoas hoje e no futuro. O início do projeto do CIBiogás em parceria com a Future Carbon fará toda a diferença. É um novo marco em créditos de carbono e uma nova visão também dos produtores em relação à essa tecnologia”.