Figura 01. Porcentagens de vendas de VEs por segmento no ano de 2020; Fonte: adaptado de BNEF, 2021.
O Brasil ainda vivencia a maturação dessa cadeia, com a necessidade de expandir suas infraestruturas de carregamento, suporte em políticas públicas e tecnologia. Para se aprofundar no tema, a equipe de Inteligência de Mercado do CIBiogás realizou um levantamento dos stakeholders da cadeia de VEs e do arcabouço regulatório relacionado a essa cadeia dos seguintes países: Alemanha, Brasil, China, EUA, Noruega, Países Baixos e Suécia.
Ao comparar a legislação e stakeholders dos países citados em relação ao Brasil, foi possível observar que esses países estão mais avançados no mercado de VEs justamente por terem tido um suporte sólido em políticas públicas para avançar esse setor, seja em relação a criação de infraestrutura de recarga, incentivos para montadoras ou subsídios de compra para consumidores. Além disso, ao contrário do Brasil, os demais países citados têm investido fortemente no desenvolvimento de tecnologias voltadas para o mercado de VEs.
Os VEs são melhores para o meio ambiente e trazem, também, como benefício, a melhoria na qualidade do ar dos centros urbanos. Por não serem movidos à combustão, os VEs não emitem monóxido de carbono (CO), óxidos de nitrogênio (NOx), hidrocarbonetos (HC), óxidos de enxofre (SOx) e material particulado, que são lançados no ar pelos veículos de combustão tradicional, reduzindo, assim, de forma considerável, a poluição do ar. A grande vantagem para o Brasil é que nossa matriz elétrica é primordialmente de fontes renováveis, ao contrário de países como a China e EUA, que tem como suas principais fontes o carvão e o petróleo, respectivamente.
E é nesse momento que o biogás entra como elemento estratégico. Devido à força agropecuária do Brasil, possuímos um elevado potencial de produção de biogás. O uso de resíduos agroindustriais permite uma produção descentralizada de energia, com grande relevância na produção de energia elétrica, por meio de biogás.
Além disso, todos os grandes centros urbanos do país possuem aterros e estações de tratamento em sua proximidade para destinação dos resíduos urbanos gerados. Essas são oportunidades adicionais para a geração de biogás e energia elétrica que, além de promover a descentralização da produção de energia, e levar o consumo próximo dos principais centros, pode abastecer as estações de carregamento com biometano, contribuindo também para a economia circular do setor.
Uma vez que a infraestrutura de carregamento de VEs esteja abastecida de energia elétrica proveniente de fontes renováveis, a emissão de gases do efeito estufa pode ser reduzida significativamente. Essa é a essência estruturante para a evolução do mercado de veículos elétricos no Brasil e no mundo.
O projeto P&D que vem sendo desenvolvido pelo CIBiogás e UFSM tem levado em conta diversos fatores que podem impactar a distribuição de energia no país. Um dos objetivos é a criação de uma plataforma multiagente, que seja capaz de interagir com diferentes integradores da cadeia de VEs, possibilitando, dessa maneira, a comunicação direta com a distribuidora de energia. A partir do momento que o setor de VEs estiver devidamente estruturado no país, a geração de biogás para energia elétrica terá um papel ainda mais importante.
Conteúdo elaborado pela Equipe de Inteligência de Mercado – CIBiogás