Pegada de carbono: iniciativas no setor de biogás
Pegada de Carbono
Blog do Cibiogas

A preocupação de empresas, instituições e pessoas com a pegada de carbono vem crescendo em todo o mundo, a partir da conscientização e do surgimento de novas maneiras de mitigar os efeitos das emissões de gases do efeito estufa na atmosfera.

Essa metodologia – que calcula a emissão de carbono equivalente associado a atividades na produção, uso e descarte de materiais e serviços – possibilita a análise dos impactos e mudanças climáticas provocadas.

Nesse contexto, o biogás ganha força como uma maneira de descarbonização em setores como o de transportes. Segundo estudo do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), cerca de 60% de toda a emissão de gases do efeito estufa nas grandes capitais do Brasil é proveniente dos automóveis.

O avanço da pauta climática colocou em destaque a ameaça da predominância dos combustíveis fósseis no setor, abrindo espaço no mercado para o desenvolvimento de combustíveis limpos a partir de fontes renováveis e com pegada de carbono reduzida.

O biogás surge como uma solução, podendo gerar “combustíveis verdes“, como a gasolina verde, diesel verde, bioquerosene de aviação (BioQAV) e biometanol. Esses combustíveis avançados contribuem para a descarbonização da matriz energética nacional e redução dos custos ambientais de transporte e logística.

Como o biogás pode substituir combustíveis fósseis

A geração de BioQAV a partir do biogás ou do biometano, por exemplo, permite a descentralização da produção de BioQAV para atender mercados locais, se enquadrando na condição “drop-in”, mantendo as propriedades físicas e químicas semelhantes aos análogos fósseis, o que permite seu uso sem necessidade de modificação nas aeronaves.

O diesel verde também é uma das possíveis rotas do biogás e pode ajudar na redução entre 50% e 90% das emissões de gases de efeito estufa em relação ao diesel fóssil.

A diminuição do consumo de gasolina é tida como fundamental para diminuir as emissões. De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o consumo de gasolina deve atingir 60,2 bilhões de litros com o crescimento da frota de veículos até 2030.

Aliando a demanda com os fatos da produção concentrada na região Sudeste, que torna oneroso o transporte para outras regiões, e o expressivo volume de gasolina importado, a produção de gasolina renovável a partir do biogás é uma oportunidade para a descentralização da produção e permite a interiorização do acesso do combustível.

No caso do biometanol, obtido por meio do biogás, ele pode ser uma solução para aumentar o fornecimento deste insumo e garantir a segurança da expansão do biodiesel no país, podendo ainda diminuir de 65% a 95% as emissões de carbono.

Já o biometano, é tido como alternativa para o gás natural liquefeito (GNL). Ele é produzido em condições extremas de temperatura (-163 °C), apresentando um consumo de energia de aproximadamente 1 kWh/Nm3 de biometano ou 10% do teor de energia produzido do biogás.

Além disso, traz benefícios ambientais e sociais somados ao fortalecimento do mercado nacional, já que o gás é produzido localmente e não é influenciado pelas oscilações cambiais e variações de preços.

O hidrogênio obtido por meio do biogás e do biometano também tem potencial para se tornar um dos principais combustíveis de substituição do petróleo por conta de sua grande capacidade energética (até três vezes maior que a gasolina convencional). Somado a isso, é visto como uma alternativa para países que possuem dependência de petróleo estrangeiro para produção de energia.

Iniciativas para redução da pegada de carbono

O Observatório de Conhecimento e Inovação em Bioeconomia da Escola de Economia de São Paulo, da Fundação Getulio Vargas, lançou um dashboard de descarbonização na matriz de combustíveis leves.

A intenção da iniciativa é acompanhar o consumo de combustíveis no Brasil, em especial a análise e compreensão dos efeitos da bioenergia na redução das emissões de gases causadores do efeito estufa.

Os resultados mais recentes, referentes ao terceiro trimestre de 2022, mostram que as emissões de GEE na matriz de combustíveis leves atingiram 27,30 milhões de toneladas de CO2eq (equivalência em dióxido de carbono), apresentando crescimento de 6,52% na comparação com a quantidade emitida no mesmo período de 2021.

Já as emissões de GEE evitadas pela presença de bioenergia melhoraram em 3,4% no terceiro trimestre do ano passado (9 milhões de toneladas de CO2eq deixaram de ser lançadas na atmosfera).

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