COP26 – 3 razões para o Brasil se tornar uma potência do biogás
Blog do Cibiogas

Um dos maiores desafios propostos pela COP26 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2021) é a descarbonização e a redução das emissões de gás metano no mundo. Para isso, muitos países estão buscando formas de reduzir seus impactos ecológicos em suas cadeias de produção.

Uma das opções para atingir esse objetivo é o biogás, uma fonte de energia limpa e renovável, obtida a partir da digestão anaeróbia dos resíduos orgânicos, oriundos do agronegócio, saneamento, resíduos sólidos urbanos.

Em alguns lugares do mundo, como a União Europeia, por exemplo, já existem restrições à disposição de resíduos recicláveis e orgânicos em aterros sanitários. Em outros, o aterramento de RSU sem tratamento é proibido.

Já no Brasil, a quantidade de resíduos sólidos urbanos gerado é suficiente para tornar o biogás uma das principais fontes de energia do país. Foi pensando nisso que separamos neste texto tudo o que você precisa saber para entender como as metas de descarbonização podem influenciar no crescimento do mercado de biogás.

Confira!

1) O Brasil possui altas quantidades de resíduo sólido urbano

Com a produção de biogás, o Brasil tem uma grande oportunidade de se tornar uma das nações decisivas para o controle do aquecimento global. Isso porque, ao todo, o país gera 80 milhões de toneladas de lixo ao ano. Desse total, cerca de 50% de todo o resíduo sólido urbano gerado no país é matéria orgânica, fonte primária para a produção de biogás.

De acordo com dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), 41% de todo o lixo gerado por ano no Brasil possui descarte errado, indo parar em rios, mares e lixões. Dessa forma, quase 3 mil lixões e aterros inadequados existentes acabam gerando grandes riscos para o meio ambiente e para a saúde da população.

Com investimentos adequados, a produção de biogás é uma aposta certeira para diminuir os índices de resíduos orgânicos aterrados e contribuir com o processo de descarbonização da matriz energética. 

2) O biogás pode suprir uma grande parcela da demanda de energia no país

Segundo a Abiogás, o biogás tem potencial para suprir cerca de 30% da demanda de energia elétrica do Brasil, ou substituir até 70% de todo o consumo de óleo diesel. Além disso, o biogás também pode ser considerado uma fonte energética alternativa para o abastecimento de energia durante a crise hídrica enfrentada por nosso país.

A versatilidade do biogás o permite se tornar um potencial ativo econômico para diversos setores da economia, podendo ser empregado em cadeias não energéticas, como produção de hidrogênio voltado para a produção de amônia, polímeros e metanol.

Apesar de todo esse potencial, o país não está nem perto de aproveitar tudo o que o biogás pode oferecer. De acordo com os dados levantados pelo Biogamap, atualmente estão instaladas 675 plantas de biogás no Brasil, explorando somente 2% de todo o potencial estimado. Este montante de plantas soma uma capacidade instalada de 304 MW, representando menos de 0,01% das fontes na matriz energética nacional. 

3) O biogás tem recebido atenção política e regulamentadora

Recentemente, o Ministério da Agricultura, junto com o Plano ABC, ampliou o limite de financiamento para plantas de biogás no Brasil. A ideia é ajudar a trazer mais tecnologia, inovação e eficiência para o campo, de forma a aumentar a disponibilidade e a qualidade de energia no meio rural.

Além disso, o ambiente regulatório tem se mostrado favorável para a expansão nacional do biogás, contando com o reconhecimento do biometano como equivalente ao gás natural fóssil pela Lei do Gás, que ajuda na diversificação do mercado energético brasileiro e na possibilidade de venda direta ao consumidor.

A expansão da cadeia do biogás também é favorecida pela modernização do setor elétrico, por políticas públicas, como a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), e pelo Programa RenovaBio, um programa de créditos de carbono para biocombustíveis. 

No quesito investimento, atualmente contamos com R$ 700 milhões investidos, mas ainda temos um longo caminho para redução de custos do biocombustível. Adicionalmente, projetos de leis vem sendo discutidos com o objetivo de fornecer linhas de financiamento e incentivos fiscais, propondo isentar toda a energia gerada a partir de resíduos sólidos do PIS e Cofins.

Em suma, as perspectivas são boas e as apostas estão altas. Órgãos reguladores têm visto o potencial comercial e a força do mercado que o biogás pode gerar e, por esse motivo, tem buscado acelerar os processos de regulação e aprovar políticas públicas que auxiliem o biogás a se tornar uma potência energética em nosso país.

Com as metas da COP26, é possível que tenhamos ainda mais avanços no setor e na busca por uma produção cada vez mais sustentável de energia.

Agora que você já sabe um pouco mais sobre o potencial do biogás no Brasil, que tal conferir mais sobre o poder dele na descarbonização? Leia mais sobre como o tratamento de RSU reduz da pegada de Co2 e ainda gera energia.

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