Biometano é o caminho para a descarbonização para o setor de transportes
Blog do Cibiogas

O esforço global em prol da sustentabilidade e enfrentamento das mudanças climáticas coloca fontes de energia renováveis, como o biogás, no centro de estratégias para descarbonização de setores como o de transportes.

Responsável por 16% das emissões de gases de efeito estufa no Brasil, segundo o relatório Net Zero Readiness Report 2023, o setor de transportes é um dos focos desse processo de transição energética.

Afinal, teve um aumento de 53% nas emissões absolutas de 2005 a 2022 – à frente da agricultura e resíduos, outros setores que também apresentam altas emissões –, além de ter sido o único setor a ter um aumento na intensidade das emissões, de 10%.

Biometano no setor de transportes

Uma projeção apresentada  durante a 30ª Fenasucro & Agrocana (Feira Mundial da Bioenergia) aponta que o setor de transportes no Brasil pode se tornar mais sustentável nos próximos cinco anos. Segundo os dados, estima que a produção do biometano passe de 1,6 milhão de metros cúbicos atuais para até 7 milhões em 2029.

Seguindo essa tendência, alguns estados brasileiros já estão considerando o uso de biometano em seus transportes públicos, como São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás e Paraná. Esse combustível alternativo e sustentável, reduz a dependência de combustíveis fósseis e diminui a quantidade de resíduos orgânicos nos aterros sanitários. 

O biometano pode ser utilizado diretamente em veículos com kit de GNV (Gás Natural Veicular), sendo seu uso capaz de gerar uma descarbonização significativa comparada com o diesel. Segundo a Abrema (Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente), no caso do metano fóssil, gás natural, a descarbonização é da ordem de 21 a 25%. Já com o Biometano, a redução é da ordem de 95%.

O CIBiogás atual fortemente em prol do desenvolvimento e implantação de soluções ligadas ao biogás e biometano. Um dos projetos pioneiros é a Unidade de Produção e Demonstração de Biometano de Itaipu, em Foz do Iguaçu (PR), operada pelo CIBiogás desde 2017. Na unidade já foram tratadas mais de 600 toneladas de resíduos orgânicos e abastecidos mais de 41m³ de biometano em veículos da frota de Itaipu, e mais recentemente, em um dos ônibus do turismo do complexo de Itaipu.

Matriz energética sustentável

A ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Combustíveis) estima que as fontes renováveis já são quase metade da matriz energética brasileira. Em 2024, foi publicada a Lei do Combustível do Futuro, programa que inclui a descarbonização do setor de transportes e mobilidade, que trata do biometano, do combustível sustentável de aviação e diesel verde, entre outros.

A agência é responsável pela operacionalização do RenovaBio, a Política Nacional dos Biocombustíveis, que completou cinco anos. O programa chegou a cerca de 79% das usinas de etanol, 64% dos produtores de biodiesel e 37% dos produtores de biometano autorizados pela ANP já certificados no programa. Desde seu início, mais de 150 milhões de CBIOs (créditos de descarbonização) foram gerados, evitando a emissão de mais de 150 milhões de toneladas de CO2 equivalente.

Segundo a ANP, atualmente há oito plantas autorizadas a produzir o biocombustível, com capacidade de pouco mais de 600 mil m3/dia. Outras 31 plantas estão em processo de autorização e, quando começarem a operar, poderão gerar uma capacidade adicional de mais de 1,2 milhão de m3/dia de biometano.

Com a maior conscientização sobre as vantagens do biogás e biometano, a melhoria da infraestrutura para a produção, distribuição e armazenamento de biometano; mais incentivos públicos e regulatórios, o setor pode contribuir ainda mais para a descarbonização dos transportes no Brasil.

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