Ainda vista como uma novidade no mercado de energia, as usinas híbridas juntamente com o biogás vêm se destacando de modo surpreendente. As políticas em prol da iniciativa ainda continuam em discussão para lançar legislações que efetivamente prezam por projetos do tipo, mas a garantia prevalece: as energias renováveis são indispensáveis no cuidado com o aquecimento global e o biogás é uma das peças-chave para a garantia da eficiência energética.
Feita para a geração de energia com duas fontes principais, tais como o biogás e a energia solar, por exemplo, as usinas híbridas combinam essas formas de produção de energia e potência com a intenção de fornecer eletricidade e também armazenar, proporcionando uma redução de custos devido a otimização do sistema em questão, pois há um compartilhamento da estrutura e conexão da rede.No final de 2020 a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), abriu uma consulta pública para regular este tipo de iniciativa. A ideia da Aneel, apoiada pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e diversas instituições enfatiza o apoio entre as fontes em casos de interrupção, visto que, em um caso de projeto de biogás com a energia solar, a energia a biogás continua trabalhando durante todo o dia e a solar ela fica condicionada a uma parada para manutenção.Quando os mecanismos também são semelhantes, como em casos da energia eólica e solar, os conversores e a caldeira podem ser aproveitados, o que motiva a movimentação de uma economia muito mais positiva em todos os aspectos, além de tornar o negócio ainda mais competitivo.A nova discussão, feita em agosto de 2021, levantou a permissão das hidrelétricas para participarem do Mecanismo de Realocação de Energia na composição de usinas híbridas ou associadas, entre outras possíveis determinações, de acordo com o Canal Energia.
Recentemente, a regulamentação das Usinas Híbridas foi aprovada para o funcionamento de Centrais Geradores Híbridas (UGH) e associadas e confirma a importância da inovação no mercado de energias renováveis com o biogás. De acordo com a Aneel, o normativo traz as especificações e regras para a ativação dessas iniciativas e da contratação do uso dos sistemas de transmissão, tal como as formas de tarifa e aplicação de descontos legais no uso do sistema.
Inaugurada em outubro de 2020, a EnerDinBo é a primeira usina híbrida em grande escala no Brasil com atividade fotovoltaica e biogás de forma conjunta. A distribuição de energia é feita por uma cooperativa parceira do projeto. O biogás é gerado com os dejetos de 40 propriedades e conta com a colaboração dos geradores de energia a biogás para minimizar os impactos ambientais provocados pelo desperdício de passivos orgânicos.
A geração híbrida de energia tem sido vista de forma muito positiva devido a visão sobre a pegada de carbono negativo que é implementada desde a concepção do projeto da EnerDinBo. Essas usinas conseguem substituir a geração de energia por fontes térmicas, carvão ou energias nucleares, resultando em um impacto muito otimista, porém o principal aspecto ambiental na descarbonização nas usinas de biogás é pela substituição do fertilizante químico, dado que não é necessário o transporte de fertilizante de outros países e também reduz a emissão provocada pelos navios quando se tem a produção local.
No caso do biometano, há a substituição do diesel – combustível fóssil – para a utilização dos próprios caminhões que fazem as coletas dos resíduos, tal como a EnerDinBo incentiva atualmente. Esse movimento no mercado deixa explícito as oportunidades envolvidas na expansão da iniciativa, seja deste projeto em específico ou de outros grupos.
A partir dessas alternativas, a sustentabilidade ocorre na substituição do fóssil por renovável nos processos industriais. Thiago Gonzalez, diretor da EnerDinBo, revela uma negociação do projeto com outras empresas para a substituição do cavaco de lenha e da produção do eucalipto, para o biogás, uma energia que não é intermitente.“Nós não dependemos da qualidade da lenha para ter uma estabilidade na produção, a gente tem um processo produtivo muito mais constante industrializando o biometano, que consegue impactar diretamente no ciclo de produtos industriais substituindo os combustíveis fósseis.”Na intenção de promover a continuidade de desenvolvimento do biogás, o projeto deseja investir em uma unidade semelhante no próximo ano voltada principalmente para a produção de biometano, reitera Gonzalez.“Seria em torno de 80% de biometano e 20% de energia elétrica. O nosso turnover foi bastante positivo. Estamos bastante otimistas com o mercado frente aos aumentos incessantes dos recursos energéticos, de energia elétrica e veicular.”
A MDC também combina diferentes soluções energéticas em seus projetos. A empresa conta com um portfólio de fontes diversas (biogás, biometano, cogeração com biomassa e gás natural) e que se complementam para oferecer soluções energéticas customizadas sustentáveis e de baixo carbono para os seus clientes, geralmente, indústrias.Um exemplo desse hibridismo pode ser visto em São Pedro da Aldeia (RJ), onde, desde 2014, a MDC opera uma planta de produção de biometano a partir de biogás de aterro sanitário e que, em 2020, passou também a gerar energia elétrica com o biogás, através de uma parceria.Além disso, a empresa combina biogás e biomassa em projetos de cogeração, entre outros. Tudo para extrair o máximo potencial de cada projeto, respeitando suas particularidades.