As preocupações em relação às mudanças climáticas intensificaram a busca por alternativas para redução da emissão de gases poluentes e incentivo ao uso de energias renováveis. Nesse contexto, o mercado de créditos de carbono ganha espaço.
O CIBiogás vem participando de debates sobre o tema. No início de abril, ocorreu uma audiência pública liderada pela Future Carbon no auditório do Biopark e UFPR, em Toledo (PR), sobre a geração de créditos de carbono pela Central de Bioenergia.
O projeto foi planejado e implantado pelo CIBiogás em Convênio com a Itaipu Binacional e parceria com o Parque Tecnológico Itaipu no estudo técnico de Microgrid.
A audiência pública contou com os produtores rurais dos arredores da planta e que poderão ser atingidos pela ação de descarbonização.
A unidade, com expectativa de inauguração em junho, faz parte do roteiro de visitas do Fórum Sul Brasileiro de Biogás e Biometano e é uma planta de grande porte com produção voltada para a geração de biogás.
O que é o crédito de carbono
O mercado de crédito de carbono começou a ganhar força em 1997, com a assinatura do Protocolo de Kyoto, no Japão. A partir daí, os países signatários assumiram compromissos mais rígidos para a redução das emissões de gases de efeito estufa, e isso passou a ter valor econômico.
Ficou definido que uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) corresponde a um crédito de carbono. Então, sempre que esse gás deixa de ser emitido, ele vira crédito. Ele passou a ser negociado no mercado internacional, e a redução da emissão de outros gases de efeito estufa também começou a ser convertida em créditos de carbono, a partir do conceito de carbono equivalente.
A principal maneira encontrada pelas empresas foi substituir combustíveis de fontes não renováveis por alternativas como o biogás e seus derivados. E as corporações que não conseguem reduzir a emissão podem comprar créditos.
O papel do biogás
O poder público também está engajado na questão. No Brasil, iniciativas como a regulamentação da Política Nacional de Resíduos Sólidos e a criação do Programa Nacional de Redução de Emissões de Metano, o Metano Zero, tomaram forma, trazendo boas perspectivas para o setor de biogás, com uma série de medidas e incentivos para sua utilização, como na substituição do diesel pelo biometano.
Essa fonte é renovável e tem várias outras aplicações, como geração de energia elétrica, uso em veículos (o gás natural veicular (GNV) é um exemplo) e injeção nas malhas de gás natural.
De acordo com dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o metano é 80 vezes mais prejudicial para o aquecimento global do que o dióxido de carbono.
A purificação do biogás produz o biometano, que é um combustível regulado pela ANP e intercambiável como o gás natural fóssil. Portanto, o biometano aumenta a oferta de gás no Brasil e ao mesmo tempo reduz o impacto ambiental e emissões de gases de efeito estufa e contribui com a transição energética.
Além disso, o Plano Decenal de Expansão de Energia 2031 da EPE (Empresa de Pesquisa Energética) projetou o biogás como rota para descarbonizar transportes. O documento destacou que a Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio) e o Programa Combustível do Futuro devem impulsionar investimentos e alavancar novos combustíveis no país.
O biometano pode ainda reduzir em até 90% as emissões de poluentes, em comparação com a gasolina e, como combustível, tem eficiência até 30% maior que o etanol, garantindo também economia.