O papel do digestato na recuperação de solos e fixação de carbono
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O uso do digestato na recuperação de solos e fixação de carbono é uma realidade que traz bons resultados produtivos e ambientais no Brasil. Produzido por meio da biodegradação anaeróbia (BioAn) dos dejetos gerados em cadeias produtivas, o digestato é um material que pode ser convertido em fertilizantes para o uso agrícola, ajudando na regeneração do solo e na fixação de carbono.

Nesse processo de biodegradação, ocorre também a remoção de carbono de substratos ricos em matéria orgânica biodegradável e, posteriormente, sua conversão em biogás.

Utilização de digestato na recuperação de solos

A alta concentração de carbono e nutrientes nos resíduos da produção de proteína animal exige cuidados, pois pode afetar consideravelmente o ecossistema ao redor, empobrecendo o solo e causando excessivas quantidades de liberação de carbono.

No Brasil, a rotação de culturas e a adoção de cultivos de cobertura contribuem bastante para o sequestro de carbono do solo, colocando o país como um dos destaques na agricultura sustentável. Entretanto, é preciso a união de diferentes práticas de manejo para que possamos mitigar os impactos causados pelos veranicos e o estresse dos períodos de estiagem.

Nesse sentido, a produção de energia renovável e fertilizante, por meio da biodegradação anaeróbia (BioAn) dos dejetos gerados em cadeias produtivas, aparece como uma solução estratégica para minimizar os efeitos negativos associados ao grande volume de dejetos gerados em um reduzido espaço de produção.

Durante o processo, há a remoção de carbono de substratos ricos em matéria orgânica biodegradável e, posteriormente, sua conversão em biogás, gerando um gás combustível de qualidade aplicável a diferentes situações, além da conversão do digestato produzido em fertilizantes para o uso agrícola, considerando-se o balanço de nutrientes.

Essa é uma opção inteligente para diversificar as práticas de cuidado com o solo, ajudando na recuperação da terra e na fixação do carbono.

O que é digestato?

Digestato é o material que passou por processo de digestão anaeróbica, com características fertilizantes muito semelhantes as do dejeto maturado.

A produção de biogás pelo processo de biodigestão atua sobre os sólidos solúveis ou sólidos em suspensão na forma de partículas menores. Partículas sólidas de maior dimensão normalmente não são biodegradadas e formam o fundo de sedimentação nos biodigestores, reduzindo sua vida útil e a capacidade de produção de biogás.

Um destino bastante utilizado para esses sólidos é a produção de fertilizantes. Seu processamento tem o objetivo de reduzir a umidade, com adição de fontes minerais de nutrientes para a formulação de fertilizantes organominerais.

No Brasil, a maior parte dos fertilizantes é utilizada na forma granulada, na qual é possível o transporte e armazenamento desses insumos, além de facilitar sua aplicação por parte dos agricultores.

A técnica de enriquecimento e granulação dos resíduos orgânicos, transformando-os em fertilizantes organominerais, traz vantagem econômica e permite o transporte e distribuição desses fertilizantes para áreas mais distantes do ponto de geração dos resíduos, evitando que haja o acúmulo desordenado de nutrientes na bacia hidrográfica.

Uso do digestato para fixação de carbono

O dióxido de carbono (CO2) é resultado da queima de combustíveis fósseis (casos do petróleo e carvão) e de biomassa. Sua emissão faz com que se crie um cobertor de gases na atmosfera, criando o chamado efeito estufa, responsável pelo aquecimento do planeta.

Florestas em crescimento podem auxiliar na redução desse efeito, pois absorvem o gás carbônico quando intensificam a fotossíntese. Esse processo é chamado de ”fixação de carbono”, ou ”sequestro de carbono”. As estimativas são de que cada hectare de floresta em crescimento absorva até 100 toneladas de gás carbônico por ano.

A proposta de fixação de carbono surgiu na Conferência de Kyoto, em 1997, na qual os países industrializados se comprometeram a estabilizar suas emissões aos níveis de 1990. Para isso, foi criado protocolo com um sistema pelo qual empresas investem em projetos florestais de países em desenvolvimento. O carbono “retirado” da atmosfera é deduzido do total que os países industrializados se comprometeram a reduzir.

Com a utilização do digestato na recuperação de solos e fixação de carbono, é possível garantir um ciclo sustentável no campo, com benefícios ambientais e econômicos.