Biogás pode gerar energia para 19 mil residências em Rondônia
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Estudos da CIBiogás para FIERO e Instituto Amazônia+21 valorizam bioeconomia

Rondônia pode produzir biogás com processamento de lixo suficiente para gerar 59 GWh/ano de energia elétrica, o que dá para atender cerca de 19 mil residências. Outra possibilidade é usar esse biogás para gerar 16,8 milhões de metros cúbicos de biometano, combustível renovável e sustentável. Isso porque o potencial do estado para produzir biogás a partir da Fração de Resíduos Sólidos Urbanos é de 31,7 milhões de Nm³ biogás /ano. A afirmação consta de pesquisa feita pela CIBiogás para a Federação de Indústria do Estado de Rondônia (FIERO), como parte de estudos que vão embasar modelos de negócios sustentáveis projetados pelo Instituto Amazônia+21.

O estudo de mercado foi apresentado no lançamento do Instituto Amazônia+21, criado para promover negócios sustentáveis na Amazônia, na sede da FIERO, em Porto Velho, capital de Rondônia. A parceria com a CIBiogás envolve estudos de identificação e mensuração de novas soluções para o desenvolvimento socioeconômico da região, a partir de negócios sustentáveis. Rondônia tem um grande destaque no Norte do Brasil, visto que o estado possui o maior PIB da região e têm a terceira maior população, com aproximadamente 1,8 milhões de habitantes. As atividades econômicas do estado estão ligadas à agropecuária, produção de café, soja, bovinos e leite. O setor de alimentos representa 21% do PIB industrial local.

Rafael González, diretor presidente do CIBiogás, destaca que a iniciativa da FIERO e do Instituto Amazônia+21 representa uma inovação em favor de uma economia verde na Amazônia e já mostra oportunidades de negócios sustentáveis na região: “O potencial do biogás em Rondônia aponta possibilidades para outros estados amazônicos e é um forte exemplo de como desenvolver cadeias produtivas focadas em energias renováveis e fortalecer a economia de baixo carbono na região”.

Grande potencial energético

O setor agropecuário e de alimentos gera um alto volume de produção de resíduos, sendo sua maioria compostos por materiais orgânicos, e isso tornar difícil a separação desses resíduos para reaproveitamento de materiais recicláveis, além de altos custos e aproveitamento muito baixo. A geração de biogás é uma alternativa sustentável que, por meio da digestão anaeróbica e bom uso do gás gerado, possibilita transformar esse passivo poluente em um ativo econômico sustentável.

Os locais com maiores potenciais de produção estão localizados nas regiões de Madeira-Mamoré e Central, que juntas acumulam mais de 56% do total de produção de Rondônia. A capital de Porto Velho, por sua vez, tem o maior potencial do estado em relação a produção de biogás a partir do acúmulo de resíduos, capaz de gerar 9,8 milhões de m³.biogás/ano. Com apenas os resíduos sólidos urbanos, ainda seria possível produzir 18 GWh/ano de energia elétrica. Desta maneira, o desperdício de energia é reduzido a partir da execução de uma ação positiva ambientalmente para a região, uma vez que soluciona a questão residual e reduz a geração de gases poluentes a partir da atividade agropecuária e industrial.

O presidente da FIERO e Diretor Executivo do Instituto Amazônia+21, Marcelo Thome, observa que apesar da matriz energética brasileira ser considerada limpa, com maior participação de energia renováveis, a transição energética continua sendo essencial para tornar sustentável os processos de produção e o problema dos resíduos sólidos afeta a qualidade de vida urbana, demandando soluções em relação a coleta, destinação e tratamento dos resíduos sólidos. “Nossa parceira com a CIBiogás vem trazer para os nove estados da Amazônia Legal a alternativa do biogás como base para excelentes negócios sustentáveis, transformando o lixo em lucro para as empresas e emprego e renda para as pessoas, além de descarbonizar e criar abertura para aporte de novos investimentos na região”, finaliza Thomé.

Iniciativas pró descarbonização

Um dos principais enfoques da pesquisa é contribuir para o aumento da descarbonização das atividades econômicas da região amazônica. O CIBiogás, localizado no Paraná, já responde por metas voltadas ao aproveitamento energético no Sul do Brasil e municípios de outras regiões, sempre com foco no potencial local para o aproveitamento sustentável de resíduos sólidos e orgânicos. Agora, pela parceria com a FIERO e Instituto Amazônia+21, vem contribuir para colocar em pauta o potencial do biogás nos estados da região Norte, fortalecendo as ações para uma economia de baixo carbono na Amazônia.

Os substratos advindos dos aterros sanitários têm elevada disponibilidade de biogás, aspecto que possibilita a recuperação das plantas de biogás e aumento da escala, permitindo a geração de lucros tanto para a produção de energia elétrica quanto para a de biometano.

O aterro localizado em Cacoal e gerenciado por uma empresa privada possui capacidade para receber até 300 toneladas de RSU/dia, mas atualmente não há nenhum aproveitamento do biogás produzido. O documento ainda ressalta que no caso dos aterros, não há necessidade de construir um sistema de biodigestão, visto que o processamento dos resíduos ocorre após o aterramento dos sedimentos.

Resíduos com maiores potenciais

O estudo de Mercado de Biogás e Biometano em Rondônia, avaliou o potencial das fontes no estado a partir de 5 substratos diferentes, sendo esses: Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), Bovinocultura, Laticínios, Abatedouros de Bovinos e de Pescado.

Após as análises, mostrou-se que o principal potencial da região está concentrado na bovinocultura de leite e corte, acompanhada pela fração orgânica de resíduos sólidos urbanos. Porém, ainda é necessário que haja mudanças no manejo e na infraestrutura para conseguir, efetivamente, gerar biogás.

Apesar do biogás ainda ser pouco conhecido na região, além de ter outras questões envolvidas à capacitação para lidar com a alternativa, ao final, Rondônia têm um ótimo perfil para a geração de energia por meio do biogás, com capacidade de produzir até 774,5 m³biogás.ano o volume de biogás adequado para gerar 1,45 GWh de energia elétrica por ano, o que permite abastecer aproximadamente 473 residências.

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